LOCAL-TIE

A realização do Referencial Terrestre Internacional (ITRF – International Terrestrial Reference Frame) é o resultado da combinação dos sistemas de referência calculados a partir das quatro técnicas de geodesia espacial: GNSS (Global Navigation Satellite System), VLBI (Very Long Baseline Interferometry), SLR (Satellite Laser Ranging) e DORIS (Doppler Orbitography by Radiopositioning Integrated on Satellite). Para realizar a combinação direta entre os produtos das diferentes técnicas, é necessário determinar as posições relativas (ou vetores local-tie) entre os pontos de referência dos diferentes instrumentos em locais de co-localização (estações com múltiplas técnicas instaladas).

Os levantamentos no local são determinados utilizando medições terrestres (direção e ângulos verticais, distâncias de declive e nivelamento) e observações GNSS (ver Fig.1). É importante a implementação de uma metodologia adequada por parte dos topógrafos e analistas de dados, para determinar os vetores com precisão de nível milimétrico.

Fig.1: Levantamento da antena VLBI de 13 m em Yebes.

O primeiro passo é planear e construir uma rede local de pilares de referencia (pilares de local-tie) num dado Observatório. Esta rede permite a ligação entre os diferentes pontos de referencia através de medições terrestres. Para cada técnica é necessário definir o ponto de referencia convencional ao qual serão referidas as medidas. No caso das técnicas de GNSS e DORIS, o ponto de referencia são marcadores físicos que podem ser diretamente observados por métodos de levantamento de topográfico. Já nos casos das técnicas de VLBI e SLR, o ponto de referência é a intersecção dos eixos primário e secundário dos telescópios, e por isso deve ser observado indiretamente. Para isso, vários alvos são colocados nos telescópios e observados a partir de pelo menos um ponto da rede local. Os telescópios são movimentados em elevação e azimute durantes as observações, e na fase de pós-processamento, são determinadas as coordenadas dos centros dos círculos desenhados pelos alvos. Além disso, as observações GNSS da rede local permitem um alinhamento da solução de local-tie ao ITRF.

Após a realização dos levantamentos, é realizado um ajuste de mínimos quadrados dos levantamentos locais pelos analistas de dados, produzindo um arquivo SINEX e um relatório associado. Por fim, esses produtos são fornecidos aos Centros de Combinação do ITRS (International Terrestrial Reference System) para serem utilizados na produção do ITRF. Na Fig. 2 é possível observar a rede de local-tie instalada no Observatório de Yebes, onde estão referenciadas as posições das estações permanentes GNSS (YEBE e YEB1), do radiotelescópio RAEGE de 13m e do radiotelescópio de 40m.

Fig.2: Rede de local tiel de Yebes. As antenas GNSS (YEBE e YEB1) e VLBI (40 m e 13 m) estão marcadas em azul